Família Hylidae
Pererecas

Perereca-verde-da-mata

Aplastodiscus lutzorum

(Berneck, Giaretta, Brandão, Cruz & Haddad, 2017)

Endêmico do Cerrado Pouco comum
Mata de Galeria
Ocorrência
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez

Uma das características que mais chama a atenção dessa espécie é a coloração dos seus olhos: o terço superior da íris é dourado e o restante apresenta um tom cobre-avermelhado. A espécie recebe esse nome em homenagem aos cientistas brasileiros Adolfo e Bertha Lutz, pioneiros na descoberta e estudo do gênero Aplastodiscus. Com hábitos florestais e associada a áreas com buritizais (Mauritia flexuosa), pode ser encontrada à noite em matas ribeirinhas, cantando empoleirada em folhas e galhos a até 5 metros de altura — o que dificulta a realização de estudos. Só foi registrada em locais acima de 1.000 metros de altitude. Machos vocalizam entre dezembro e março, e uma fêmea já foi encontrada com grandes ovócitos em dezembro. O girino da espécie ainda é desconhecido, mas acredita-se que os ovos sejam depositados em solo de lama úmida e coberta por vegetação densa. A espécie ocorre no bioma Cerrado, em áreas próximas ao Distrito Federal, com uma distribuição isolada em relação às demais espécies do gênero. Seu status de conservação ainda é indefinido, mas o artigo de descrição sugere classificá-la como LC (Least Concern - Menor preocupação), já que ocorre em áreas protegidas, como o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.

Onde encontrar

Espécie de hábitos noturnos, encontrada exclusivamente em altitudes superiores a 1.000 metros, em matas ribeirinhas do Cerrado. Os machos vocalizam entre dezembro e março, geralmente empoleirados em galhos ou folhas a até 5 metros do chão, próximos a buritizais ou áreas com vegetação densa. Sua localização elevada e os ambientes de difícil acesso tornam os registros raros.

Diagnose

Aplastodiscus lutzorum pertence ao grupo A. perviridis, apresentando íris bicolor, com saco vocal verde-azulado. O corpo varia entre tons de verde com melanóforos amarelos dispersos, e a barriga é de coloração amarelo-pálida. A espécie não possui membrana entre os dedos I e II. O comprimento rostro-cloacal é pequeno (30–36 mm). Seu canto de anúncio é cerca de 2,5 vezes mais longo (0,12 a 0,15 segundos), com média de 39 cantos por minuto. Visto de perfil, o focinho é arredondado. A pele do dorso é lisa com pontos castanho-escuros, enquanto as regiões da garganta, barriga, coxas e braços (nas superfícies ventrais) são granulares.

Curiosidades

  1. Homenagem a dois grandes cientistas!

    O nome da espécie homenageia Adolfo e Bertha Lutz. Adolfo Lutz foi médico e pioneiro no estudo de doenças infecciosas no Brasil, sendo o primeiro latino-americano a investigar a transmissão da febre amarela pelo Aedes aegypti, além de contribuir com o conhecimento de diversas doenças e na descrição de espécies. Sua filha, Bertha Lutz, foi uma bióloga, política e ativista pelo direito das mulheres. Trabalhou no Museu Nacional, especializou-se em anfíbios, lutou por igualdade de gênero, direito à licença-maternidade e contra o trabalho infantil, além de defender a proteção da natureza e da biodiversidade brasileira.

Referências

  1. Berneck, B. V. M., Giaretta, A. A., Brandão, R. A., Cruz, C. A. G., & Haddad, C. F. B. (2017). The first species of Aplastodiscus endemic to the Brazilian Cerrado (Anura, Hylidae). ZooKeys, 642, 115–130.

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