Família Leptodactylidae
Rãs

Rã-das-rochas

Leptodactylus syphax

(Bokermann, 1969)

Endêmico do Cerrado Comum
Mata de Galeria
Campo Rupestre
Campo Aberto
Áreas Antrópicas
Ocorrência
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez

Espécie de tamanho médio a grande e porte robusto, pertencente ao grupo pentadactylus. O nome específico syphax vem do grego e significa "vinho novo doce", em referência à coloração vermelho-brilhante observada na virilha, barriga e nas superfícies ventrais das coxas e pernas de alguns indivíduos vivos. Os machos vocalizam expostos sobre o solo ou em fissuras rochosas. Essa espécie é geralmente encontrada em afloramentos rochosos, próximos a riachos, poças e brejos temporários ou permanentes. No entanto, já foi registrada em ambientes variados, como cupinzeiros no Mato Grosso, restingas no Espírito Santo e até bueiros em Corumbá e Campo Grande, utilizados como sítios reprodutivos. É considerada tolerante a modificações ambientais. Reproduz-se em riachos temporários ou permanentes, tanto em matas de galeria quanto em áreas abertas, naturais ou antrópicas . Os ovos são depositados em ninhos de espuma flutuantes. A espécie possui ampla distribuição, ocorrendo nos biomas Cerrado, Caatinga e Chaco, desde a Bolívia e Paraguai até o Nordeste e Sudeste do Brasil. Enfrenta ameaças associadas à exploração madeireira, construção de reservatórios hidrelétricos, expansão agropecuária e queimadas.

Onde encontrar

É mais comum em áreas abertas ou rochosas, onde se aproxima de corpos d'água temporários ou permanentes. Costuma vocalizar à noite, especialmente em épocas chuvosas, sendo encontrado no solo ou em frestas de rochas. Também pode ser observado em locais alterados, como bueiros e áreas agrícolas.

Diagnose

Apresenta coloração dorsal variando do cinza ao marrom-claro ou castanho-avermelhado, com um padrão marcante de ocelos negros organizados em faixas regulares, lembrando quadrados. Não possui pregas dorsolaterais nem linha vertebral, mas exibe glândulas dispersas no dorso, que tem aspecto geralmente liso. A membrana supratimpânica é evidente. O focinho é arredondado e a cabeça tem largura equivalente ao seu comprimento. Durante o período reprodutivo, os machos desenvolvem calos nupciais nos polegares e região peitoral, além de braços hipertrofiados. Os dedos têm pontas arredondadas e levemente inchadas. A parte posterior dos braços, coxas e tíbias apresenta faixas transversais pretas, além de tubérculos brancos também visíveis nos flancos.

Curiosidades

  1. Características reprodutivas dos machos

    Durante a estação reprodutiva, os machos desenvolvem braços hipertrofiados e espinhos no peito e nos polegares — estruturas típicas em espécies com comportamentos de defesa ou disputa por fêmeas.
  2. Vocalizações femininas

    Já foram registrados cantos de reciprocidade emitidos pelas fêmeas, comportamento considerado incomum em anuros.
  3. Versatilidade de habitat

    A espécie é altamente adaptável e já foi observada utilizando ambientes inusitados como cupinzeiros e bueiros como abrigo ou local de reprodução.

Referências

  1. Uetanabaro, M., Prado, C. P. A., Rodrigues, D. J., Gordo, M. & Campos, Z. (2008). Guia de campo dos anuros do Pantanal e planaltos de entorno. Campo Grande: Editora UFMS.

  2. Andrade, E. B., Guimarães, R., Leite Jr, J. M. A. & Leite, J. R. S. A. (2011). Amphibia, Anura, Leptodactylidae, Leptodactylus syphax Bokermann, 1969: Distribution extension and geographic distribution map. Journal of Species Lists and Distribution, 7(5).

  3. Eterovick, P. C. & Sazima, I. (2004). Amphibians from the Serra do Cipó, Minas Gerais, Brazil. PUC Minas: Belo Horizonte.

  4. Silva, W. R., Giaretta, A. A. & Facure, K. G. (2008). Vocal repertory of two species of the Leptodactylus pentadactylus group (Anura, Leptodactylidae). Contemporary Herpetology, 2008, 1–6.

  5. Sá, R. O., Grant, T., Camargo, A., Heyer, W. R., Ponssa, M. L. & Stanley, E. (2014). Systematics of the Neotropical genus Leptodactylus Fitzinger, 1826 (Anura: Leptodactylidae): Phylogeny, the relevance of non-molecular evidence, and species accounts. South American Journal of Herpetology, 9(1), S1–S100.

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