Essa espécie é uma rã de porte médio, de corpo robusto e focinho pontiagudo. Os machos iniciam a vocalização com as primeiras chuvas, sobre o solo, próximos a lagoas temporárias ou permanentes, naturais ou artificiais, em áreas predominantemente com vegetação herbácea. Vocalizam isoladamente ou em grupos de 2 a 5 indivíduos, separados por uma curta distância (20–30 cm), antes de construírem suas tocas. Após construídas, os machos vocalizam a poucos centímetros da entrada da toca. A reprodução ocorre em pequenas tocas, escavadas em áreas úmidas rasas temporárias ou nas margens de lagoas permanentes. O período reprodutivo é prolongado e se estende por toda a estação chuvosa. A fêmea se aproxima de um macho vocalizando, que a guia até a entrada da toca. O macho entra primeiro, seguido pela fêmea, e então obstrui a entrada da câmara. Os ovos são depositados em ninhos de espuma dentro das tocas e, com a inundação pela chuva, os girinos são transportados para áreas úmidas próximas, onde completam seu desenvolvimento. A dieta é predominantemente composta por besouros, formigas e larvas de insetos. A espécie ocorre em quase todo o território brasileiro e pode ser encontrada em campos abertos, savanas, pastagens, áreas pantanosas, florestas degradadas e ambientes urbanos. As principais ameaças à espécie são a exploração madeireira, a construção de reservatórios hidrelétricos e a fragmentação de habitat.
Onde encontrar
É possível encontrar essa espécie em praticamente todo o Brasil. No Cerrado, ocorre em campos, margens de corpos d’água e áreas abertas com solo arenoso. Pode ser vista também em ambientes alterados, como zonas urbanas e pastagens. Em Goiás, já foi registrada em municípios como Alto Paraíso, Mineiros e Formosa, incluindo o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e arredores.
Diagnose
De porte médio, apresenta seis pregas dorsolaterais bem evidentes, além de manchas irregulares no dorso, cuja coloração varia de cinza a verde-escuro, com ocelos em diferentes tons de marrom. O ventre é creme. Possui faixas longitudinais nas coxas e nos tarsos. A faixa dorsolateral é de cor creme, e a íris é bronze. O tímpano é distinto e há membrana supratimpânica presente. Apresenta pernas longas e braços mais robustos que os de L. furnarius. Não possui membranas interdigitais nem discos adesivos. Possui cinco dedos, sendo incluída no grupo Pentadactylus.
Curiosidades
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Os girinos sabem se cuidar!
Os girinos também sabem se cuidar! Após o nascimento, são capazes de continuar a produzir o ninho de espuma, e a qualidade desse ninho depende do nível de hidratação do substrato onde os pais os deixaram. Em substratos bem hidratados, o muco da espuma absorve água, mantendo o ninho eficiente. Já em substratos secos, ocorre desidratação dos girinos. Quando permanecem muito tempo no ninho de espuma, sua capacidade de produzir espuma diminui. Girinos de estágios mais tardios podem sobreviver por vários dias sobre folhas ou pedras, mesmo que o ninho de espuma seque.
Referências
- De-Carvalho, C. B., Freitas, E. B., & Faria, R. G. (2008). História natural de Leptodactylus mystacinus e Leptodactylus fuscus (Anura: Leptodactylidae) no Cerrado do Brasil Central. Biota Neotropica, 8(3), 105–115.
- Heyer, R. W. (1978). Systematics of the fuscus group of the genus Leptodactylus (Amphibia, Leptodactylidae). Natural History Museum of Los Angeles County Science Bulletin, 29, 1–85.
- Frost, D. R. (2019). Amphibian Species of the World: an Online Reference. http://research.amnh.org/herpetology/amphibia/index.html.
- Martins, M. (1988). Biologia reprodutiva de Leptodactylus fuscus em Boa Vista, Roraima (Amphibia: Anura). Revista Brasileira de Biologia, 48(4), 969–977.
- Junqueira, V. S., Santos, P. S., & Silva, E. T. (2016). Dieta de Leptodactylus fuscus (Anura, Leptodactylidae) em uma área rural de Caatinga, Minas Gerais. Revista de Ciências, 7(1), 65–74.
